domingo, 14 de novembro de 2010

Apenas cinco minutos

Esses dias eu li um comentário interessante num vídeo do Led Zeppelin no Youtube. Era uma performance da banda em 68, na Dinamarca, tocando Babe I'm Gonna Leave You. Algumas pessoas questionam como a platéia pode ficar sentada diante de uma das maiores bandas de rock da história.

Caramba, e qual o problema nisso?

Eu não sou o tipo de fã de rock poser... aquele que adora encher a cara e ficar macaqueando de um lado pro outro. Ele berra, corre pra lá e pra cá, faz todo tipo de estripulia ao invés de prestar atenção naquilo que é mais importante: a música. Claro, cada um tem seu jeito de curtir, mas eu não suporto esses tipinhos, que não manjam porra nenhuma e acham que são "rock'n'roll". Rock é muito mais do que isso, crianças: é ter atitude, ser autêntico naquilo que faz. Pessoas como vocês só denigrem a imagem do rock com suas atitudes forçadas.

Voltando para o vídeo do Led Zeppelin, um comentário lá me chamou a atenção. Um camarada dizia que o grande problema é justamente esse: a nossa geração não consegue ficar cinco minutos parada. Os músicos de antigamente apreciavam esse domínio sobre a platéia... as pessoas sentavam-se hipnotizadas, prestando atenção em cada acorde. Muito diferente das hordas histéricas que se formaram quando Plant tentou tocar a música recentemente. Caramba, vejam vídeos de festivais de antigamente: a galera tá lá, sentada numa boa, curtindo o som...

Então, o fato do povo estar sentado não mostra desinteresse. Muito pelo contrário. Como músico, eu prefiro muito mais tocar quando o povo tá sentado, prestando atenção. Claro, a molecadinha (às vezes nem tão moleques assim) que se junta na beira do palco, pulando e berrando, é divertida. Mas geralmente esses são tão vazios que não irão absorver o que a música deveria passar. E aí caímos na velha "sociedade do fast-food" (nos primeiros posts eu expliquei o motivo do nome do blog).

Isso me lembra uma vez quando saí com uma garota pra assistir (coincidentemente) um show do Led cover. Ela debateu nossas "diferenças" porque eu preferi curtir o show sentado numa mesa ao invés de ir pra frente do palco. Então ser "rock'n'roll" é isso? Talvez pra ela sim, mas a coitadinha era alguém que vivia de aparência: o fato de ir pra frente e dançar não era porque curtia o show, mas sim uma patética tentativa de ser notada. E muitos dos "jovens fast-food" de hoje são exatamente assim: tudo não passa de um tentativa de chamar atenção.

E, convenhamos, eu nunca precisei disso, né?

Claro, estou generalizando. Há quem pule e curte e há quem senta e viaja. Afinal, as pessoas agem de forma diferente (ainda bem!). O motivo do post hoje foi justamente debater essa geração inquieta, que não consegue absorver nada e vive na já citada Terra do Faça O Que Quiser, preocupada apenas com o seu umbigo. Jovens como os playboyzinhos que espancaram outros esta madrugada na Av. Paulista, sem motivo algum, só pra canalizar esse grande vazio da nossa sociedade... Jovens de classe média alta, com boas notas, certamente nossos futuros médicos, advogados e engenheiros. Ah, mas logo papai e mamãe aparecem dizendo que era apenas uma brincadeirinha inocente!

E você? Consegue ficar parado por cinco minutos? Ou está na hora de espancar alguém?

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