terça-feira, 12 de julho de 2011

As cores do rock



Hoje eu vi nos posts do Facebook o link de uma matéria do Lokaos Rock Show em que os repórteres vão até a fila de um show do Restart/Hori pra aloprar a criançada e mostrar o que é "rock de verdade" (confiram a matéria aqui). Divertida e despretensiosa, porém estúpida.

Tá certo que foi tudo em tom de brincadeira e o trio não foi lá pra causar, mas ir até um show de Happy Rock pra "converter" a criançada pro rock'n'roll chega a ser idiota e infantil. Primeiro, porque essa molecada fã de Restart e porcarias semelhantes estão pouco se lixando pra música... eles louvam os ídolos pré-fabricados que são empurrados pra eles. Já foi NX Zero, hoje é Restart e amanhã será outro. Música de fast food, só pra ser consumida rapidamente, não degustada... lembram-se? É o mesmo que ouvir funk: nego não vai pelos acordes, por uma letra com significado ou um solo marcante, e sim pela diversão e putaria em si.

A criançada que curte Restart e semelhantes também não vai encher o saco dos outros pra convertê-los para seu mundo colorido. Eles - ou melhor, elas, já que boa parte é composta de garotas pré-adolescentes - ficam na sua, curtindo seu som, colecionando fotos e outros badulaques de moleques de calças rosadas. Não é um público que irá consumir o rock em si. Aliás, a música hoje tá ruim de público mesmo... as pessoas ouvem o que é modismo. Tipo "desligue o cérebro e ouça o que a mídia julga bom".

Pra mim, o estereótipo do roqueiro é algo tão imbecil quanto o estereótipo da molecada fã de Restart. Já falei sobre a burrice dos estereótipos aqui. O clichê do metaleiro/headbanger/caralho a quatro é tão tosco que dói o esôfago da gente: nerds gordos ou magricelos ao extremo, cabelo comprido ensebado, camiseta preta de bandas como "Fucking Satans" ou "Cocksuckers from Hell", jeans, coturno e a clássica pose retardada de pernas abertas, braços cruzados e tentativa de cara de mal. Fala sério, né? Levo esses tipos tão à sério quanto os adoradores do arco-íris!

Isso é algo no rock que me deixa puto e já cheguei a comentar aqui: os extremos. De um lado, temos os coloridos do "Happy Rock" e do outro temos os enegrecidos do metal, gótico, death ou qualquer outra classificação "dark". Como se o rock'n'roll fosse só isso! A música é muito abrangente pra ser enquadrada num só gênero estereotipado. Já que não sou colorido, nem preto, qual rock eu faço? Cinza?

E aí você vê que não existem diferenças entre os entrevistadores do vídeo acima e a molecada entrevistada. A imbecilidade é idêntica.

Só mudam, claro, as cores.

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