sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Mudança ao alcance do dedo


As ondas de revoluções que ocorrem no Oriente Médio tiveram como estopim a internet. No Egito, por exemplo, o que começou de forma desorganizada alcançou seu ponto máximo quando Mubarak bloqueou todos os telefones e a internet. Foi aí que o tiro saiu pela culatra: o povo sem comunicação foi pra rua e o resto é história. Uma ditadura de 30 anos caiu em 18 dias.

A internet é a maior ferramente contra o autoritarismo. Li uma vez que é um dos meios mais socialistas que existe, por compartilhar quase tudo entre aqueles conectados. Eu tenho acesso à coisas que jamais imaginava e que jamais teria contato se não fosse pela internet (especialmente em termos artísticos).

Foi justamente isso que acabou, por exemplo, com a tirania das gravadoras. Antigamente, o músico tinha que cair nas graças de alguma gravadora e ficar sujeito à contratos abusivos. Ontem mesmo conversei com um amigo que relatava esses contratos absurdos e a tamanha incompetência daqueles que trabalham numa grande gravadora do país. Hoje, com a música independente, você só precisa de uma boa gravação e começar a divulgar o trabalho pela internet.

Quem arranca os cabelos com a pirataria na rede? Somente aqueles que lucram abusivamente com isso. Eu vivo num país em que o preço das coisas é absurdo. Veja quanto você paga por um livro, por um CD aqui, e quanto pagam lá fora. Eu pirateio as coisas mesmo: de que outra forma teria acesso à livros que jamais seriam publicados aqui? E o pior: quando são lançados, o preço é fora da realidade.

Como músico, eu não faço questão nenhuma de piratearem meu trabalho. O músico lucra com shows. Eu quero distribuir minhas canções de modo que fiquem na boca do povo. Quem tem que se preocupar com vendas de CDs são as gravadoras. As mesmas que passaram anos fodendo inúmeros artistas. Então, nada mais justo que elas sofram uma pequena revolução também...

A internet faz com que o povo não fique sujeito à ditadura da mídia. Ele não precisa se sujeitar aquilo que é imposto. Minha esperança é que essa mesma liberdade derrube todos os "pseudoartistas" que tentam nos empurrar goela abaixo. E, vendo como são criticados pela internet, é capaz que essa revolução não tarde a ganhar mais força.

Claro, só a internet não muda nada sozinha. Pra isso é preciso gente inteligente conectada, que consiga usufruir dessa troca de informações. Alguns dias, escrevi sobre como a internet deixa as pessoas mais burras. Por outro lado, ela, através das redes sociais, também é responsável por muitas coisas boas.

Só basta saber e querer usar isso da melhor maneira possível.

O futuro é nosso...

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